Globalização em português
- Macedo, J. B., Rocha, M. A., & Romeira, M. M. (Org.). (2021). Globalização em português: Revoluções e continuidades africanas: Atas do simpósio na Academia das Ciências de Lisboa. Princípia.
“A Academia das Ciências de Lisboa acolheu um simpósio sobre globalização em português, no âmbito das comemorações do nascimento de Alfredo da Silva em 1871 – quando iam passar 300 anos sobre a publicação de Os Lusíadas. Além da abertura pelo presidente da Fundação Amélia de Mello e do encerramento por Pedro Passos Coelho, os trabalhos dividiram-se em três partes. Primeiro, descrevem-se iniciativas da CUF em Angola e na Guiné e confirma-se a relevância das continuidades institucionais para além das revoluções políticas no desenvolvimento angolano (1966-2018) e moçambicano (1900-2005).
A Parte II evoca a experiência do Instituto de Investigação Científica Tropical, criado com outro nome para aconselhar os representantes portugueses na Conferência de Berlim e cedido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros à Universidade de Lisboa em 2015. Salienta-se a colaboração empresarial, científica e cultural com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa iniciada em 2004. Por fim, debatem-se relações euroafricanas em tempo de pandemia, quando Portugal preside ao Conselho Europeu (deixando saudades de 1992). Em suma, a instabilidade política e financeira de Portugal no seguimento de sucessivas revoluções políticas nos últimos 200 anos, marcadas por duas vagas de globalização, contrasta com os «mares nunca dantes navegados» que marcaram a primeira. O impacto ultramarino da experiência única de união pessoal com Espanha implicou conflitos europeus e ignorou a revolução industrial inglesa, crescendo Portugal abaixo da média europeia, salvo em 1925-89.
Neste século, exposições em Washington e Bruxelas nas quais se vê os navegadores «abraçando o globo» sublimam «o rancor progressista por Camões» lembrado por Borges de Macedo. Nesse espírito, a «Carta à Rainha Lusófona», decorrente da parceria ACL/IICT//NOVASBE, alarga e aprofunda a que foi escrita pela Academia Britânica sobre a crise de 2008 – na medida em que passa além do âmbito anglo-americano e apela à interdisciplinaridade entre ciências e letras.”