Aprender com a Revolução dos Cravos
- Alcântara, A. (Org.). (2024). 25 de Abril de 1974: Aprender com a Revolução dos Cravos: Aprendizagem da história: Guiões didático-pedagógicos: (1º e 2º Ciclos do Ensino Básico). Instituto Politécnico de Setúbal.
http://hdl.handle.net/10400.26/52822
“[…] Um dos desafios da História local é a ligação entre história e memória. Encarada como um palco privilegiado para o envolvimento das comunidades com o seu espaço e memória coletiva. É pela ação da História local que práticas sociais e culturais, acontecimentos, e até personalidades individuais ou coletivas de um determinado território podem ser desocultadas e apropriadas pelas crianças. Daí a necessidade da criação de recursos e materiais didáticos que apoiem professores/as e educadores/as no ensino da História através de metodologias ativas e participadas. É esse o desafio que esta publicação pretende lançar, através da compilação de um conjunto de propostas de atividades didáticas relacionadas com a temática do 25 de abril de 1974 disponíveis para professores/as e educadores/as que queiram trazer a História para a sala, o meio local para a escola e colocar as crianças como agentes produtores de conhecimento.
Esta proposta partiu de trabalhos académicos desenvolvidos pelas estudantes de História de Portugal, unidade curricular (UC) do 2º ano do Mestrado em Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico e de Português e História e Geografia de Portugal no 2.º Ciclo do Ensino Básico da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal (ESE/IPS), no ano letivo de 2023-2024. Como parte da avaliação desta UC foi solicitado que, a partir da mobilização de fontes historiográficas primárias e do meio local (toponímia, vestígios e tradições, desocultação de invisibilidades, história oral, ...), desenvolvessem propostas de atividades relacionadas com a temática “50 anos do 25 de abril” potenciadoras de aprendizagens ativas.
Pela temática abordada, por se constituir como uma atividade que envolve famílias e comunidade, por pretender a recolha de referenciais culturais, sociais, comunitários e pessoais, uma proposta de atividade elaborada por um grupo de estudantes do 3º ano da Licenciatura em Educação Básica (ESE/IPS) no âmbito da unidade curricular de Introdução à Didática do Estudo do Meio no ano letivo de 2022-2023, foi também integrada neste volume.
Estão aqui compiladas propostas pedagógicas diversificadas, exemplos de ferramentas didáticas, através das quais se procura potenciar aprendizagens desenvolvidas de forma colaborativa e participada onde os principais agentes de investigação e desenvolvimento sejam as crianças. Com o trabalho proposto no guião “Mulheres no 25 de abril - Histórias de vida e entrevistas” pretende-se desocultar o papel das mulheres, mais ou menos anónimas, na cultura, política e sociedade portuguesa do período final do Estado Novo e no processo da sua democratização; no “Histórias de Liberdade - Recolha de memórias do 25 de abril” propõem-se a criação de um caderno que vai e vem, entre a escola e as famílias das crianças, qual repositório de fragmentos de memória, recente ou antiga, coletiva, construída e partilhada a múltiplas mãos; o guião “Libertar testemunhos - Podcast de memórias orais sobre o 25 de Abril de 1974” apresenta todos os passos para a construção de um podcast com a compilação da recolha de memórias, realizada pelas crianças junto da comunidade, sobre o período revolucionário; por último, surge o “As histórias que as ruas nos contam - O 25 de Abril de 1974 através do património local” cujo guião faz uma proposta de visita de estudo virtual que percorre todos os distritos portugueses e que culmina como desafio à descoberta da toponímia alusiva aos períodos pré e pós 25 de abril de 1974 na localidade da escola.
Estas propostas têm em comum pretenderem ser pontos de partida, guiões didático-pedagógicos que se querem apropriados pelos interesses e vontades das crianças e seus/suas professores/as e educadores/as. Une-os, também, o facto de terem surgido como trabalhos académicos produzidos por futuras professoras e educadoras, como elementos de avaliação de UC, que pelo entusiasmo, vontade e dedicação das estudantes, se transformaram em recursos educativos.” (Ana Alcântara, introdução, pp. 4-5)